Wednesday, January 17, 2007

18º Festival de Cinema de Trieste


Começa hoje e vai até 25 de Janeiro

No cinema Alpe Adria, vai começar hoje o Festival de Cinema de Triste, sob a direcção artística de Annamaria Percavassi. Reconhecido como o maior festival italiano especialmente dedicado a cinematografias que vão do Báltico ao Mediterrâneo, o festival faz uma viagem ao coração da nova Europa, rica em energia criativa e com talentos novos e reconhecidos.

Um dos pontos altos do festival deste ano será a estreia do novo filme de Tony Gatlif, “Transylvania” com Asia Argento, Birol Ünel e Amira Casar. O filme, uma produção francesa, passa-se na Roménia, um país que este ano está amplamente representado na Competição de Longas Metragens com duas estreias nacionais. A edição deste ano presta também uma especial atenção à Roménia e à Bulgária – dois países que acabaram de se juntar à União Europeia – e o programa do festival inclui uma grande quantidade de filmes romenos e búlgaros em competição.


Em especial o programa CEI - no ano da presidência búlgara da CEI (Central European Initiative) – é dedicado à recente produção cinematográfica búlgara e serve para mostrar o renascimento da cinematografia búlgara e está ligada à Restrospectiva “Nuovi angeli, vecchi fantasmi – il cinema bulgaro dopo il 1989” (Novos Anjos, Velhos Fantasmas – o Cinema Búlgaro depois de 1989) apresentado no 5o Trieste Film Festival em 1994. O cinema búlgaro comtemporaneo entrou numa nova fase onde está a ganhar fama internacional e prémios e menções numa enorme quantidade de festivais e eventos. Ainda em cooperação com a CEI, o prémio CEI deste ano vai para o realizador Albanês Kujtim Çashku (também presente na Competição de Longas Metragens) pela sua coragem e empenho no desenvolvimento do cinema albanês.
A, já tradicional homenagem a escolas de cinema, é este ano dedicada à UNATC “I. L. Caragiale”, a Escola de Cinema de Bucareste.
A Roménia está a ser testemunha de um surgimento de autores de excelência e com a necessidade de contar a história do seu passado recente. Há, em competição, duas longas metragens ambas passadas em 1989, o ano da queda do Muro de Berlim e o último ano da ditadura de Ceausescu. Dois anos depois deste acontecimentos, dois jovens realizadores romenos (ou mesmo três, se contramos com o Corneliu Porumboiu, realizador de “12:08 East of Bucarest”, recentemente lançado em Itália) sentem a necessidade de revisitar essa época e esse desenvolver de acontecimentos.

A noite de abertura do Festival, conta ainda com um concerto de Dj Shantel, aliás Stefan Hantel, com a Bucovina Orkestar, numa mistura de diversos géneros musicais desde música cigana a electrónica, Dj Shantel tem vindo a participar em inúmeros filmes como é o caso do recente BORAT, tornando-se assim um dos fenómenos musicais actuais.
A noite de encerramento será feita com o filme IKLIMLER (Climas) do realizador turco Nuri Bilge Ceylan, que volta ao festival depois de, em 2004, ter ganho o prémio de longa-metragem. Neste filme – muito aplaudido no último Festival de Cannes – o realizador traça um retrato da solidão humana e da impossibilidade da comunicação.


As três competições que dividem o festival têm como intenção documentar e interpretar a mais recentes tendências do cinema dos países da Europa Central e de Leste
A Competição Internacional de Longa-metragem apresenta dez filmes em estreia Italiana, o já mencionados filmes romenos “HIRTIA VA FI ALBASTRA” de Radu Muntean e “CUM MI – AM PETRECUT SFARSITUL LUMII”, de Catalin Mitulescu, cuja actriz, Dorotheea Petre, ganhou o Prémio de Melhor Actriz no “Un Certain Regard” em Cannes 2006. Estão a concurso ainda o filme de Rajko Grlić, “KARAULA”, “MAGIC EYE”, de Kujtim Çashku, “BIHISHT FAQAT BAROI MURDAGON”, de Djamshed Usmonov, “DER FREIE WILLE” de Matthias Glasner, vencedor do Urso de Prata do Festival de Berlim; “FEHÉR TENYÉR” de Szabolcs Hajdu; “OBARNATA ELCHA” de Ivan Čerkelov e Vasil Živkov e ainda “Z ODZYSKU” de Slawomir Fabicki. E ainda o último filme do grande director de fotografia sérvio Goran Paskaljevic, “OPTIMISTI” um filme dividido em cinco episódios com uma das figuras míticas do cinema sérvio Lazar Ristovski (que vimos em “Underground”), vencedor do Prémio de Melhor Actor em Toronto em 2006.
Na Competição Internacional de Curta-Metragem o festival apresenta dezasseis filmes de onze países. A selecção é de Tiziana Finzi, tendo sido grande parte da selecção feita vendo filmes de escolas de cinema de países da Europa Central, Europa de Leste e bacia do Mediterrâneo. O programa inclui, também, trabalhos de novos e consagrados realizadores que representem uma nova maneira de fazer cinema e que partilhem estilos de narrativa ou temas semelhantes tradicionais ou experimentais. O tema recorrente é o do dia-a-dia em toda a sua simplicidade, por vezes duro, por vezes irreverente, por vezes divertido, mas focando o ser humano, o indivíduo que pertence a este mundo e que atravessa uma evolução contínua e por vezes desagradável. Da Itália “10 INSECTS TO FEED” de Masbedo, “LA CENA DI EMMAUS”, de Josè Corvaglia, e “A DOPPIO FILO”, de Matteo Oleotto; de França “BIR DAMLA SU” de Deniz Gamze Ergüven, “RACHEL” de Frédéric Mermoud e “NOUVELLE GÉNÉRATION” de Artemio Benki. Há também trabalhos da Alemanha “JABA” de Andrwas Bolm e “OPEN” de Charlotte Siebenrock, da Suiça “JOLIDO” de Francesco Jost, da Roménia “LAMPA LA CACIULA” de Radu Jude, da Eslovénia “OHCET” de Peter Pasic, da Polónia “POMIĘDZY” de José Iglesias Vigil, da Bulgária “TIR” de Radoy Nikolov, da Hungria “A VIRUS” de Agnes Kocsis, da Letónia “UDENS” de Laila Pakalnina e da Turquia “POYZAR” de Belma Bas.


Na Competição Internacional de Documentário, organizada por Fabrizio Grosoli, há vinte e quatro títulos de diferentes formatos e durações (curtas e longas-metragens). A área de atenção continua a ser a mesma e há uma especial atenção aos problemas sociais, sendo de mencionar em particular a quantidade de filmes de países da ex-Joguslávia que, possivelmente, pela primeira vez evocam a guerra que devastou aquela região, com uma enorme lucidez e sem quaisquer estereótipos ou forma de censura.
Entre os realizadores estão os russos Sergej Loznica, Aleksander Gutman, Marina Razbezhkina, e o veterano sérvio Zelimir Zilnik (com o seu filme “EVROPA PREKO PLOTA”, fora de competição) entre outros.

Duas retrospectivas interessantes são as dedicadas aos realizadores FREDI M. MURER e FRANCO GIRALDI.
Paolo Vecchi preparou o programa dedicado ao discreto e refinado autor e poderoso contador de histórias marginais Fredi M. Murer, nascido em 1940 em Backenried, na Suiça. Grande fotógrafo, actor, montador, argumentista, produtor e documentarista. O seu trablho, dedicado à solidão está ainda à espera de ser descoberto, excluindo os seus filmes “GRAUZONE” (1979) e “HOHENFEUER” (1985) conhecidos dos cinéfilos mais atentos. A secção do Festival apresenta o seu filme mais recente, “VITUS”, com Bruno Ganz no protagonista, filme que representará a Suiça nos Óscares da Academia.

A retrospectiva dedicada a Franco Giraldi é planeada e organizada em colaboração com a Universidade de Trieste e inclui a publicação de um livro de Luciano De Giusti. O realizador Franco Giraldi, nasceu em 1931 em Comeno (hoje Komen, Eslovénia), é certamente um dos mais importantes nomes da cinematografia italiana. Durante a sua longa carreira assinou uma peculiar filmografia desde os seus primeiros filmes de 1966-1968, os ‘Spaghetti Western” passando pelas comédias interpretadas por nomes como Monica Vitti, Ugo Tognazzi ou Giovanna Ralli, Omero Antonutti, e Philippe Leroy, até aos dramas de actualidade, muitas vezes baseados na literatura. Callisto Cosulich e Tullio Kezich estarão com Giraldi no Festival para uma sessão com a exibição do documentário de Giampaolo Penco, “Callisto, Tullio and Franco”.

A “Zone di cinema” é dedicado este ano ao escritor alemão Veit Heinichen, naturalizado em Trieste. A sua personagem, o Inspector Proteo Laurenti, é protagonista de duas ficções filmadas em Trieste pela televisão Alemã e apresentadas no festival como estreias mundiais. Os visionamentos são seguidos de uma mesa redonda sobre o tema “Trieste: ritratto di una città in giallo” com Tatiana Rojc da Universidade de Trieste, Luisa Altichieri Tinazzi, Franco Giraldi, o psicólogo Paolo Fonda, Sergio Baraldi, director do jornal “Il Piccolo” e o autor.


“UPDATE DEUTSCHLAND 2”, é outro dos programas do festival com dez filmes da nova vaga do cinema alemão contemporâneo, que tem vindo a ganhar notoriedade de dia para dia. O festival foca sobretudo o seu interesse no realizador Andreas Dresen, autor de filmes como “HALBE TRAPPE”, vencedor do Grande Prémio do Jurí e do urso de Prata em Berlim em 2002 e ainda “SOMMER VORM BALKON” e “WILLENBROCK”.

O programa IMMAGINI é dedicado a questões relacionadas com Homem/Sociedades/Cidades/Metrópoles/Mundo visto de uma enorme variedade de pontos de vista cada um inspirando diferentes rasgos criativos. Os trabalhos diferem em estilo, necessidade, vitalidade e ideais.

Immagini, apresentou também um PREVIEW de dois dias que anteciparam o Festival. “SoloMovie”, uma performance do baterista Francesco Cusa sobre imagens de “Sherlock Jr.”, o filme de 1924 realizado e interpretado por Buster Keaton. Na mesma noite um programa audio/video “UNDERWORLD THEORY” de Dj Morpheus e Vj Lynoleum.
No dia seguinte foi a vez de um programa de videos, curtas e longas-metragens, começando com três curtas do fotógrafo/realizador Oliviero Barbieri seguidos de duas curtas de Masbedo, dois trabalhos de Oliviero Toscani e o provocante e irreverente “Taxidermia” do jovem realizador hungaro Gyorgy Palfi, que provocou algum mau estar em Cannes o ano passado.

O Festival de Trieste faz também um preview da homenagem “Ma l’amore no – Looking for Alida Valli” de Annamaria Mori (filmes, testemunhos, conferencias e exposições de fotografia que estarão em Trieste na primavera). No Festival será exibido o filme “IL GRIDO” de Michelangelo Antonioni (1957) com Alida Valli e Steve Cochran.

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