Sunday, May 13, 2007

Suite para Dom Roberto em Faro

BERNARDO SASSETTI, EM CONCERTO QUE IGUALMENTE COMEMORA O 10º ANIVERSÁRIO DO SEU TRIO (Sassetti no piano, Carlos Barreto no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria, ESTREIA EM FARO A SUA ÚLTIMA COMPOSIÇÃO MUSICAL, "SUITE PARA DOM ROBERTO", uma encomenda do Cineclube de Faro.

ENCERRAMENTO COMEMORAÇÕES
50º ANIVERSÁRIO
18 de Maio, 21h30, TMF

BERNARDO SASSETTI, EM CONCERTO

Dia 18, 6ªf., 21H30, TEATRO DAS FIGURAS (TEATRO MUNICIPAL DE FARO)

JUSTIFICAÇÃO DE UMA ENCOMENDA
Como encerramento oficial das comemorações do 50º aniversário do Cineclube de Faro e celebração do 10º aniversário do Trio de Bernardo Sassetti, apresenta-se, em estreia absoluta, a obra encomendada a Bernardo Sassetti "Suite para Dom Roberto", peça musical inspirada no filme "Dom Roberto", de Ernesto de Sousa. Este filme foi produzido em 1962 com fundos vindos da Cooperativa do Espectador, constituída expressamente para esse efeito no seio do movimento cineclubista da época. 44 anos depois lançou o Cineclube de Faro uma subscrição pública no seu universo de associados que permitiu custear a composição desta obra musical. A Direcção do CCF

A NOVA MÚSICA DE DOM ROBERTO
Nunca o cinema português havia retratado de forma tão crua a vida de um personagem. Aconteceu em Dom Roberto. Uma surpresa para o cinema de então. Recorrendo a uma formação clássica de jazz (piano, contrabaixo e bateria), a música que me foi encomendada pelo Cineclube de Faro pretende acompanhar os gestos e os passos da narrativa de Dom Roberto, tendo como pano de fundo a ilusão de um belíssimo trabalho de fotografia - um preto e branco invulgar que realça a densidade da história e que nos transporta para um universo visual que privilegia o dramatismo da mesma. A imagem - a luz e a escuridão -, a clareza das intenções cinematográficas e, claro, a brilhante interpretação de Raúl Solnado foram sem dúvida nenhuma a minha principal fonte de inspiração para a construção dos principais motivos musicais desta Suite Para Dom Roberto. Obrigado CCF por nos teres dado a conhecer este marco do cinema.
Bernardo Sassetti

Sinto um enorme orgulho por este trio, não só pela evidente compreensão musical, comum aos três, como também pelo simples facto de nos mostrarmos atentos ao que fizemos e, sobretudo, ao que podemos fazer no futuro, de forma a dar continuidade ao nosso trabalho. Aprendemos muito a tocar em conjunto, principalmente no sentido de nos expressarmos com intensidade - mais espontânea do que metódica - e em função do carácter de cada tema do nosso repertório.
Este ano celebramos 10 anos de existência. Gravámos "Nocturno" em 2002 e "Ascent" em 2005; posso assegurar-vos, no entanto, de que não existe nenhuma razão concreta para que não tenhamos mais gravações em estúdio, ou mesmo ao vivo; e se existir, ela é então da minha inteira responsabilidade - "Bang! Shoot the piano player!"
Bernardo Sassetti

18 de Maio, TEATRO DAS FIGURAS (TEATRO MUNICIPAL) - FARO
Programa completo:
18h - exibição do filme Dom Roberto, de Ernesto de Sousa
(colaboração da Cinemateca Portuguesa)
21h30 - estreia de Suite para Dom Roberto pelo Trio de Bernardo Sassetti

Bilhetes já à venda
FILME
3 euros (público em geral) 1,5 euros (sócios CCF)
ESPECTÁCULO
10 euros (público em geral) 5 euros (sócios CCF e <30)
FILME E ESPECTÁCULO
12 euros (público em geral) 6 euros (sócios CCF e <30)

Filme Don Roberto, Ernesto de Sousa
Sinopse
A vida de um vagabundo sonhador, a quem os miúdos popularmente alcunharam de Dom Roberto, por andar a exibir robertos. Leva uma existência miserável, no maior desalento. Mas um dia conhece Maria, rapariga com um passado infeliz, julgando, com a maior inocência, ter arranjado habitação para ambos. Dom Roberto sente então nascer, em si, algo que nunca experimentara: o amor e a alegria de viver.

Críticas
“Um nome onde se diz uma mudança no cinema português.”
Eduardo Prado Coelho, 20 anos de Cinema Português

“No decorrer dos anos, a crítica assinala as péssimas condições em que se faz cinema em Portugal e rapidamente se atinge a conclusão de que é impraticável fazer cinema digno e sério em Portugal. Ernesto de Sousa arrosta com todas essas dificuldades - não consta que uma só tenha sido afastada do seu caminho, pelo contrário - e consegue dar-nos uma obra de grande pureza de princípios, uma obra que exprime a amargura e a resignação de uma sociedade posta perante acontecimentos decisivos de um processo histórico. O seu filme é uma experiência de grande dimensão, no sentido de dispensar o aviltante apoio do subsídio. É, ainda, uma notável experiência no sentido de provar que o cinema tem os seus tempos heróicos e pode realizar-se com gente nova, desconhecida dos «plateaux». Todo o seu filme é um grito de juventude, um largo sinal de sobrevivência, de independência artística. «Dom Roberto» é um filme sério, onde é insofismável o propósito, o angustiante propósito de não transigir, de não sair vencido, de não se comprometer. Uma obra que representa uma idade na vida do cinema nacional.”
Nuno Rocha, Panorama do Cinema Português

ERNESTO DE SOUSA
Nasceu em Lisboa, em 1921, onde fez estudos secundários. Em Paris, trabalhou em cinema e artes plásticas, sendo assistente de Jean Dellanoy no filme «Le Minute de Verité». Fez argumentos e foi autor de filmes culturais e publicitários. Dirigiu um cine-clube, foi conferencista, redactor e crítico de cinema.
Publicou obras didácticas: «O Que É o Cinema?», «O Argumento Cinematográfico» e «Para o Estudo da Escultura Portuguesa». «Dom Roberto» (menção ao Melhor Filme para a Juventude e prémio do Jovem Cinema, em Cannes/63) marca uma viragem no cinema português. Após 1969, dedica-se especialmente ao «mixed-media», tendo realizado várias manifestações com Jorge Peixinho.

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